sábado, 12 de dezembro de 2015

O álbum John Lennon/Plastic Ono Band completa 45 anos - Parte 2

Terapia
Lennon viciou-se em heroína depois de ler “Ópio, o diário de uma cura,” de Jean Cocteau, que fala da luta dele contra o vício. Livrou-se do vício na marra, não quis se internar numa clínica porque a imprensa ia cair em cima. Os horrores da cura estão na letra do segundo single solo, Cold Turkey: "36 horas rolando de dor - Rezando para que alguém - Me liberte novamente!" (“Thirty-six hours - Rolling in pain - Praying to someone - Free me again”), de 1969 (o primeiro foi Give Peace A Chance). Apesar do amor de Yoko, estava mergulhado em angústia existencial e, um dia, lhe caiu nas mãos o livro “The Primal Scream – Primal Therapy The Cure For Neurosis”, do terapeuta americano Arthur Janov, lido de enfiada. O método tinha um viés freudiano de influência dos traumas de infância na vida adulta, incluindo o desejo do incesto, que John confessou ter experimentado em relação à mãe, Julia Stanley, que o entregou com cinco anos para a irmã, Mary Elizabeth (Mimi) criar quando casou pela segunda vez, mas reentrou na vida de John quando ele tinha 16 anos e morreu atropelada dois anos depois.
Janov ficou impressionado com o estado de John: “O nível de seu sofrimento era enorme. Ele era quase completamente disfuncional. Não conseguia sair de casa. Não tinha defesas, estava desmoronando, estava cheio de raiva, hostilidade, cinismo e ceticismo. Era alguém que o mundo inteiro adorava, mas isto não fazia a menor diferença. No centro de toda aquela fama, riqueza e adulação estava apenas um menino solitário.” A terapia incluía fazer o paciente berrar as dores infligidas durante a vida desde a dor do parto. A princípio John travou mas, com ajuda de Yoko, conseguiu se soltar.
Um dos temas da terapia foi a religião. John perguntou porque as pessoas se apegavam tanto às religiões. Janov respondeu que a religião era uma busca de consolo para o sofrimento. John: “Oh, então Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor?” Que virou o verso de abertura da música God, em que ele nega religiões, políticos e músicos, incluindo os Beatles. E faz a grande despedida do mito: “O sonho acabou – O que posso dizer – Eu era o artifice do sonho – Mas agora renasci – Eu era a morsa – Mas agora sou John – Então, queridos amigos – Vocês tem que seguir em frente – O sonho acabou.” (“The dream is over - What can I say? (…) I was the dreamweaver - But now I'm reborn - I was the Walrus - But now I'm John- And so dear friends - You'll just have to carry on - The dream is over”. Numa entrevista ele disse: “A gente nasce e vive a maior parte da vida com dor. Quanto mais dor se sente, de mais deuses se precisa.”
Como Janov tinha uma clínica concorrida na Califórnia, teve que voltar quando terminou a primeira fase, Lennon foi a San Francisco e completou o tratamento sob marcação da imigração por conta de uma condenação por porte de maconha na Inglaterra em 1968. Nesse processo terapeutico foram compostas as 11 canções do álbum.

Continua amanhã....

fontes: Wikipedia e Texto de Jamari França tirado do O Globo

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